VELHAS  CORTINAS  DE  FUMAÇA

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Carlos Soares
Advogado e escritor em Porto Alegre/RS

   As “opiniões” do Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, sobre o aborto, concedidas em entrevista a Aluízio Freire, da Revista G1, trazem subjacente uma visão e uma política antigas das sociedades norte-americana e européia, cujos frutos sazonaram na Alemanha com o nome de nazismo, nos Estados Unidos com o nome de racismo.

Diz ele, ao defender o aborto contra violência no Rio, evocando tese do livro "Freakonomics", dos norte-americanos Steven Levitt e Stephen J. Dubner, que tenta estabelecer relação entre a legalização do aborto e a redução da violência nos EUA: "Interrupção da gravidez tem tudo a ver com a violência pública".  

E mais: "Tem tudo a ver com violência. Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa Rodrigo de Freitas, Tijuca, Méier e Copacabana, é padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal", declarou. 

Velhas cortinas de fumaça... O Brasil, através de seus administradores, vem aplicando  mentira sobre mentira, contra o povo, desfocalizando sempre o desgastado e jamais resolvido problema social: a má distribuição de renda, a aplicação dos recursos na área de educação, saúde, lazer e segurança. Curiosamente, nossos mais abalizados sociólogos se esqueceram dessa questão nunca solucionada. Curiosamente, nos tempos mais perigosos da Ditadura feroz que assolou a Nação, eles, de peito aberto, lutavam para que o “Bolo” da riqueza brasileira fosse repartido em fatias iguais para todos. Cadê o “Bolo?” O Gato comeu... 

Já que ninguém mais faz a defesa da igualdade, também não se faz mais a defesa da vida, gêmeas siamesas. Assim, governadores como o do Rio, Sérgio Cabral, podem opinar na mídia sobre o aborto o que leram e absorveram das doutrinas seletivas e lei da força de Charles Darwin,  Herbert Spencer, Francis Galton e Margareth Sanger, que eu chamo de o Quarteto da Morte! 

 Olhem o que diz Darwin, macaqueando Malthus, que pregava que a natureza elimina o que chama de “fracos” para selecionar o que chama de “fortes”: “Nós, civilizados, fazemos o possível para evitar essa eliminação; construímos asilos para os imbecis, os aleijados, os doentes; instituímos leis para proteger os pobres... Isso é altamente prejudicial à raça humana". 

Vejam o que diz Spencer: "Todo o esforço da natureza é para se livrar desses e criar espaço para os melhores... Se eles não são suficientemente completos para viver, morrem, e é melhor que morram... Toda imperfeição deve desaparecer“. 

E Galton, a favor da procriação apenas entre os ricos: “O que a Natureza faz de forma cega, lenta e impiedosa o homem deve fazer de modo previdente, rápido e bondoso”.  

Ou Margareth Sanger, Presidente da Planned Parenthood, criada para promover a legalização do aborto no mundo, com filial no Brasil na cidade de Campinas (chama-se BemFam): "Os seres sadios devem procriar abundantemente e os ineptos devem abster-se... este é o principal objetivo do controle da natalidade"  e "Os serviços de maternidade para as mulheres dos bairros miseráveis são prejudiciais para a sociedade e para a raça. A caridade não faz senão prolongar a miséria dos inaptos" 

A crueldade e a falta de humanidade de tais afirmações, por absurdas ou ultrapassadas que são, não merecem comentário neste espaço. Mas essas doutrinas alienígenas “fazem a cabeça” dos nativos locais, e podem se proliferar nas piores perversões político-sociais com genocídios de inocentes. Não é à toa que Stanley Kramer,  em Julgamento em Nuremberg (1961), refere-se explicitamente à decisão do juiz da Suprema Corte americana Oliver Wendell Holmes, em 1927, sancionando a esterilização dos “mentalmente incapazes”, matriz infernal dos programas nazistas de eugenia.  

Velhas cortinas de fumaça... Ao invés, pois, de promover políticas públicas para humanizar as favelas, dar-lhes infraestrutura social, educar a população carente, aumentar-lhe a renda mensal, promover sua saúde, habitação digna e melhor alimentação, as autoridades do País acham mais fácil, mais cômodo, eliminar – já no útero - aqueles que delas mais precisam e cujos pais foram empurrados para a marginalização não pelo destino, carma ou coisa parecida, mas à força, propositalmente, por uma elite castrada de qualquer ideal superior e apodrecida desde o berço: herança portuguesa, com certeza! Não é seu Sérgio Letal?

10.01.2008

Fonte:    Remetido por e-mail

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