A CORAGEM DE RESGATAR E PRESERVAR A HISTÓRIA 

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Pedro Paullo de Oliveira
Assessor Parlamentar da Câmara Municipal de Andrelândia

   Como conhecer a si mesmo e a um povo sem conhecer a sua história? Desde o início dos tempos a humanidade buscou o autoconhecimento no resgate das suas raízes e ao se deparar com lacunas experimentou um sentimento de frustração muito grande, e homens e mulheres, dotados de sensibilidade, iniciaram uma busca interminável do nosso passado. Nas variantes das inscrições das grutas e das cavernas descobrimos que, a milhares de anos, no nosso íntimo, necessitávamos deixar para a posteridade a base dos nossos costumes, os aprendizados que adquiríamos e, acima de tudo, as provas da nossa existência. Nesses meandros, dava-se início as disputas, muitas vezes, jurídicas, religiosas e morais, na eminência de que se poderiam desmascarar mentiras seculares. 

Nenhum ser humano nasce e torna-se adulto para o nada. A existência, por si, repleta de nuances, encontros e desencontros, recriações e descendências, deve ser para um propósito. Contudo, poucos absorvem esse entendimento e, num dado momento, a historia se perde por descuido de muitos ou é destruída por ignorância ou insensatez de homens públicos, através do abandono, da guerra ou da ganância, que transformam em pó ou cinzas obras de artes, edifícios, livros e relíquias sem preços. Ora, dentro do contexto jurídico, esses homens públicos têm obrigação de preservar o patrimônio do povo que os elegeu.

Não podemos simplesmente acreditar que seremos uma verdadeira sociedade se não preservarmos a nossa história e, se preciso for, resgatá-la, mesmo a custo de desencontros com interesses financeiros de grupos ou pessoas.

Já avançamos demais em nossos conhecimentos para não crermos que é a partir da preservação, que pode se dar após a restauração de um bem, que encontraremos um caminho mais justo e fortalecido para vivermos em sociedade, pois saberemos onde erramos – e aprenderemos com esses erros, para não os repetirmos – e perpetuaremos e aperfeiçoaremos os acertos.

Resgatar a história e preservá-la exige, de quem o faz, uma dose de coragem, pois, certamente, no percurso da busca pela verdade, que muitas vezes é mascarada por interesses escusos, encontramos resistência dos detentores do poder, ou mesmo de pessoas ou grupos poderosos. Por quê?  A resposta está no fato de que muitos acontecimentos que se passaram em determinadas épocas não foram corretamente transcritos por conta de que os seus personagens foram membros de enredos vergonhosos. Mas a teimosia de homens e mulheres audazes tornou possível saber que muitos dos nossos heróis, cantados ao longo dos tempos, não passaram de verdadeiros facínoras, presidentes da república corruptos, generais que não participaram de nenhuma guerra e que mandavam para os campos de batalha pobres inocentes, em sua maioria índios e negros, e líderes que nada mais fizeram do que enganar uma multidão em detrimento dos seus próprios interesses.

Mas dentro das nossas veias pulsa a angústia pela verdade e juntando os pedaços que o tempo nos legou, conseguimos desmascarar as mentiras, somos capazes de resgatar personagens esquecidos e que deveriam, a muito, serem homenageados; podemos recontar a história de forma clara, legando aos nossos contemporâneos a grandeza de um tempo, ou a sua decadência.

Hoje, felizmente, o patrimônio histórico e cultural está sob a vigília do Ministério Público que tem feito, principalmente nas cidades históricas de Minas Gerais, um trabalho incansável de proteção de livros, edifícios, sítios arqueológicos e monumentos que contam a nossa história.

A história contada por si só não basta. Seus personagens precisam estar vivos e, além de viverem em nossas memórias, em nosso sangue, precisam estar vivos nas suas obras, nos documentos que deixaram e imortalizados nas fotos e monumentos que, por ventura, mereceram ter em locais de destaque.

“Preservar a história é obrigação de todos. Contudo, os subsídios e o trabalho para que a nossa história seja preservada e, se possível, resgatada, é dever incontestável dos poderes constituídos, pois são eles que arrestam as condições, entre elas, os recursos, para que, de forma contínua, nosso passado sirva de elemento de sustentação para as gerações presentes e futuras”.

A história é latente, diria que um pouco genética, pois não podemos viver sem o passado, pois ele nos mostra os erros que não devemos repetir e os acertos que devemos perpetuar; mostra-nos que os grandes personagens – líderes e grandes administradores dos bens públicos - não perecem, pois são raros e merecem ser cultuados. Assim, a própria vontade dos povos se encarregará de não deixa-los morrer.

10.01.2008

Fonte:    Remetido por e-mail

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