É desesperador. Não terá o Brasil homens públicos com integridade de caráter? Alguém com pundonor suficiente para receber o último fio do que resta de esperança?

Pesquisando e reunindo informações que nos últimos anos envolvem os políticos brasileiros afetos ao Parlamento nacional há um rol de circunstâncias tão lamentáveis que leva à loucura.

Onde estamos vivendo? Que diabo de país é este? Será um faz-de-conta?

Denúncias, provas, indiciamentos de autoridades, tudo se reduz a nada. Não há punições.

A imprensa cobre os desvarios, informa, mostra os resultados de relatórios que desnudam a corrupção irrefletida, mas os homens públicos continuam a postos para a eleição que se avizinha na busca desenfreada de continuar no poder. E muitos vão conseguir, sob os pilares da hipocrisia, da petalhada, da fraude. E lá se vai a esperança em dias melhores pela inércia daqueles que ainda crêem na cantilena das madalenas que correm ruas, bairros, cidades e eventos incluindo os féretros.

A ciência política foi lançada em profundo poço negro de detritos. Talvez restem algumas exceções, para não chegarmos ao niilismo total. Talvez.

Os vândalos que depredaram áreas da Câmara Federal passam muito bem. Os que arrasaram a empresa Aracruz, nem se sabe por onde andam.

João Pedro Stédile palestra na Escola Superior de Guerra – ESG – antigo reduto da moralidade e civismo com tema instigante: “A questão agrária e o meio ambiente”. Definitivamente a insanidade juntou-se à insensatez.

Cerca de um bilhão e duzentos mil reais foram distribuídos pelo Brasil a países como Venezuela, Cuba e Bolívia, entre outros, para que prosseguissem com obras de infra-estrutura oportunizando empregos a centenas de trabalhadores. Também foram perdoadas pelo governo brasileiro, parte das dívidas de Moçambique (perdão de 95%), Nigéria (perdão de 50%), Nicarágua (perdão de 95%), Gabão (perdão integral) e Bolívia, de onde fomos enxotados como meliantes. Cuba também ganhou seu quinhão. Com dívida em torno de 40 milhões de euros, recebeu, meses atrás, a oportunidade de suavizar essa quantia. O Brasil receberá uma redução de 20% dos valores de produtos comprados na pequena ilha de Babel.

Os aposentados que não sonhem com o irrealizável de um aumento salarial com o mesmo índice de 16.7% dos trabalhadores da ativa. Contentem-se com os cinco por cento que já foi dado e que estará sem base legal tão logo expire o prazo da Medida Provisória rejeitada pelo Congresso. Mesmo que cada aposentado tenha contribuído com valores mais significativos para a Previdência na expectativa de que no avanço da idade pudesse desfrutar de certa tranqüilidade financeira, foi uma visão ilusória. Repete-se o faz-de-conta. Esses homens e mulheres que contribuíram para receber proventos maiores do que um salário mínimo são atualmente tratados de forma estúpida, covarde, leviana e infame. Os que sobreviverem nos próximos anos, continuando o mesmo entendimento político, terão seus proventos igualados a um único salário mínimo. Sem delongas porque é uma questão matemática.

A desfaçatez, a indignidade, o escárnio e a afronta pousaram sobre o país. Para limpar a lama deixada pela ressaca precisa-se de alfabetizados políticos. As moedas reluzentes e as promessas inexeqüíveis devem ser analisadas como cruéis projetos de autoritarismo para permanência no poder. Manter distância da solércia é o mínimo que se deve fazer para resgatar a honra desta Pátria que se enxovalhou pela ação dos proxenetas públicos.

Enquanto tentamos emergir do mar de areias movediças que nos sugam, as crianças libaneses continuam sendo dizimadas pela insensatez da guerra.

23.10.2006

Fonte: Remetido por e-mail