PEGADINHA LEGAL |
CARLOS
MIRANDA
Servidor Público
PORTFÓLIO DA ANUNCIAÇÃO é um moço caprichoso, humilde e estudioso.
Foi letrado em estabelecimento de ensino público. Seu sonho era trabalhar em
uma "repartição", usando gravata e ficar à vista dos
contribuintes, sentado atrás de um balcão de atendimento ao público, a fim
de demonstrar todo o seu interesse em solucionar os problemas de seus
semelhantes, como remédio ao que já tinha passado em suas freqüentes
visitas às "repartições" iguais a que pretendia fazer parte.
Botou fé em seu sonho e danou-se para aprofundar seus conhecimentos.
Submeteu-se a um concurso público em um órgão estadual. Concurso sério,
pois apesar de não ter padrinho político e nem com qualquer autoridade
parentesco, conseguiu aprovação dentro das poucas vagas existentes.
Convocado para assumir o posto, honrosamente conquistado, cumpriu todas as
exigências que lhe foram impostas, como apresentação de documentos, exame médico,
prova de desligamento de emprego anterior que, felizmente, tinha.
Designada a data da posse lá estava Portfólio, agora já engravatado e só
sorrisos de felicidade pela "Graça" alcançada.
Seu futuro chefe, após lhe fazer um sermão sobre as responsabilidades do
cargo público a ser exercido, convidou o novel servidor a apor a sua
assinatura no termo de posse.
Espólito do Espírito Santo, servidor antigo do órgão e substituto do
chefe, que a tudo assistia, observou ter chegado o momento para aplicar
a "pegadinha" que já combinada com
os demais colegas. Sobrepondo-se aos demais presentes à cerimônia de posse bradou, em tom autoritário, que o novo empossado não poderia assumir sem antes cantar o Hino Nacional
Divertimento e riso para os que compartilhavam da brincadeira, surpresa para
os presentes e angústia para Portfólio.
O Hino Nacional para "a vítima" só tinha uma estrofe que a
exercitava quando das vitórias de Ayrton Senna e durante a Copa do Mundo de
Futebol. Perdia-se quando chegava ao "deitado eternamente em berço
esplendido". Não sabia, em verdade, e lhe passou pela mente a
possibilidade de não ser admitido no serviço público, colocando a perder o
seu sonho e seu esforço.
Percebida a angústia do candidato, Espólito do Espírito Santo encarregou-se
de desfazer a situação e avisar que se tratava de uma "pegadinha",
daí a continuação do ato que se efetivava.
Desconheciam Espólito e os demais participantes a vigência de Lei
Federal nº 5.700, de 1 de setembro de 1971 que dispõe sobre
a forma e a apresentação dos Símbolos Nacionais, e dá outras providências,
que disciplina :
"Art. 40. Ninguém
poderá ser admitido no serviço público sem que demonstre conhecimento do
Hino Nacional. Você, caro leitor, já teve conhecimento de que algum órgão, no serviço público, cumpriu essa exigência legal?
A "pegadinha de brincadeira" era, na verdade,
uma "PEGADINHA
LEGAL" 18.07.2005 |
Publicações: Revista AABB - Belém - Pa - Ano I - N°
3 - Pg. 26 - 2003 revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI53672-15223-2,00-QUEREMOS+RIR.html http://olintovieira.blogspot.com/2008/12/pegadinha-legal.html |
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