CHAPEUZINHOS VERMELHOS 
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 SANDRA SILVA 
Cientista Política, Socióloga, acadêmica de Direito
 

                           

            O Brasil continua no cinturão de fogo. Uma espécie de inferno zodiacal. Saiu-se pessimamente na disputa de seu principal esporte no campeonato mundial de futebol. Mantém deficiente atendimento aos usuários de seu Sistema Único de Saúde. Desmantela a classe trabalhadora e média com impostos bis in idem. Esporeia os funcionários públicos retirando, mensalmente, em nome do fisco federal, polpudas somas dos míseros salários para devolvê-las, por vezes, ao final do ano seguinte. O transporte coletivo em geral é deficiente e inseguro. Metrôs, só nos grandes centros. Trens, quem nos dera! Trocaram, há muito, as ferrovias pelas rodovias esquecendo que a população cresce e o número de veículos também e que se fazia necessário acompanhar esse crescimento.  As estradas, esfaceladas, ceifaram a vida de muitos brasileiros. Só depois do morticínio buscaram-se recursos para fazer uma maquiagem de circo. Abrir novas vias, nem pensar.

As cidades, por sua vez, aumentam em redor dos agrupamentos ainda privilegiados e que lembram os castelos dos senhores feudais. Essa vassalagem não produz, apenas incha proliferando em filhos que poderão gerar dividendos financeiros de programas sociais que abestalham os indivíduos. A esmola mensal dá para o anestésico alcoólico que o boteco oferece. O resultado dessa ingestão permite mais coragem para espancar a mulher e os rebentos ou seviciar alguma indefesa criança, seja descendente direta ou não.

Os governos assistem ao espetáculo como os césares romanos quando promoviam as festas populares para entreter as massas. Do alto de seus camarotes palacianos deliciam-se com as uvas e  vinhos de seleto bouquet, espanejando-se entre ninfetas esquálidas que oferecem gozos desmedidos à concupiscência de suas mentes e corpos.

De tempos em tempos sobem aos palanques e prometem uma nova terra. Dão  um basta às agruras. O futuro são eles, ninguém mais. Creiam! Creiam! Exterminaremos os leões. Não temam.

Revolução ou guerra civil? Terrorismo ou esfacelamento absoluto do Estado?

As grandes cidades vivem momentos de pavor. Banalizaram a vida, os sentimentos, as pessoas. O crime e a delinqüência crescem como fermento bom. A paz revoou há muito. Os céus nem são mais de brigadeiro, se é que ainda restam brigadeiros.

As mulheres brasileiras enviúvam em quantidades apreciáveis a cada dia. São tempos paraguaios, bem ao estilo da guerra que se enfrentou em alhures épocas. Sem lanças e espadas, mas com AK 130 e outros armamentos de igual ou maior qualidade e conseqüência.

As prisões já não são mais os locais que nos salvavam da fúria dos criminosos. Atualmente são comunidades seguras com direito à comida, roupa limpa, visita íntima, comunicação via celular, lazer televisivo e comando de crime. E com a certeza de que o membro da comunidade não será trucidado se cumprir com o pagamento da mensalidade ao Comando Geral.  Ah! Como esta nação tem mensalidades e mensaleiros!

Protegidos pela Constituição, os criminosos da pior espécie, verdadeiros trogloditas, recebem defesa técnica e todo o beneplácito do arcabouço legal. Há que se justificar o barbarismo, o ódio, o rancor, o horror! O Estado é civilizado.

Enquanto isso, nossos filhos, irmãos, maridos, esposas, amigos, vão sendo trucidados, seqüestrados, torturados, assassinados cruelmente.

A pena de detenção máxima no Brasil é de 30 anos. Com direito a progressão de regime após o cumprimento de um sexto da mesma. Faça o cálculo e conclua porque reiteradamente temos os mesmos delinqüentes a perturbar nossa tranqüilidade.

Somos chapeuzinhos-vermelhos à mercê da alcatéia de lobos famintos. Sem qualquer expectativa de sermos salvos porque os heróis, junto com a coragem, o ideal e a honestidade perderam-se em meio às corredeiras dos rios infectados pela cleptocracia.

28.01.2007 

Fonte: Remetido por e-mail

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